A variante do novo coronavírus conhecida como B.1.1.7, descoberta no Reino Unido no final do ano passado, pode ser responsável por aumentar o risco de mortalidade, na média, em 64% na comparação com outras cepas do vírus, de acordo com estudo publicado nesta quarta-feira (10) no periódico científico “The British Medical Journal”.
Na prática, o estudo indica que uma pessoa infectada pela variante do Reino Unido pode ter 64% mais chance de morrer do que se fosse infectada com linhagens anteriores do coronavírus.
O estudo aponta que o risco de morte pode ser ampliado entre 30% e 100% com a B.1.1.7 na comparação com linhagens anteriores do Sars-Cov-2, considerando o intervalo de confiança da pesquisa.
O risco em média 64% maior representou, dentro dos pacientes selecionados para o estudo, um aumento de 2,5 para 4,1 mortes em cada 1 mil casos detectados. Os cientistas consideraram a comunidade em geral, e não apenas entre grupos específicos como pacientes idosos ou hospitalizados.
Mortalidade x letalidade
Há diferença entre os termos mortalidade e letalidade, e as conclusões do estudo tratam apenas de um deles. A taxa de mortalidade se refere à quantidade de pessoas que morreram por uma doença em relação à população total de um lugar – seja uma cidade, estado, país, ou até mesmo o mundo inteiro.
Já a taxa de letalidade se refere à quantidade de pessoas que morreram por uma doença em relação à quantidade de infectados por ela.
Na conclusão do estudo, os pesquisadores apenas sugerem que a B.1.1.7 pode ser mais letal. “A variante de preocupação (termo que define variantes mais perigosas), além de mais transmissível, parece ser mais letal”, afirmam os cientistas britânicos das universidades de Bristol e Exeter.
Os pesquisadores sinalizam que a mortalidade é afetada por quantos pacientes necessitam de cuidados hospitalares em um mesmo período de tempo, e lembram que a variante é associada a uma maior transmissibilidade. “O que levaria a um aumento exponencial no número de mortes”, afirmam.
Perfil da variante
A variante B.1.1.7 foi detectada no Reino Unido em setembro de 2020, e desde então já foi encontrada em mais de 100 países. Ela tem 23 mutações em seu código genético – um número relativamente alto de alterações –, e algumas destas a tornaram muito mais capaz de se disseminar.
Cientistas britânicos dizem que ela é entre 40% e 70% mais transmissível do que variantes do coronavírus em circulação que antes predominavam.
Amostra do estudo
No estudo britânico, infecções da nova variante causaram 227 mortes em uma amostragem de 54.906 pacientes de Covid-19. Em um número igual de pacientes infectados com outras variantes, foram 141 mortes.
“Somado à sua capacidade de se disseminar rapidamente, isto torna a B.1.1.7 uma ameaça que deveria ser levada a sério”, disse Robert Challen, pesquisador da Universidade Exeter que coliderou a pesquisa.
Já Ellen Brooks-Pollock, também da Universidade de Bristol, considerou que foi uma “sorte” que a variante tenha surgido em uma área coberta por testes de genoma de rotina, o que permitiu que ela fosse identificada mais rapidamente pelas autoridades. “Futuras mutações podem surgir e se espalhar sem controle”, disse Ellen.
Fonte: G1
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